Caros amigos e irmãos Umbandistas, hoje gostaria de publicar a todos um texto escrito pelo sr. Casemiro de Souza, falecido aos 25 dias do mês de junho do ano 2000, e que nos deixou a maravilhosa umbanda que praticamos na Sociedade Espírita de Umbanda Tupinambá das Matas Virgens em Porto Alegre.
Após seu falecimento, fui presenteado pela sra Thereza da Silva de Souza, viúva do tio Miroca como era conhecido, com seus documentos pessoais, e que guardo com muito carinho, na certeza de que estes documentos representam uma linda história de um homem que lutou e amou como poucos a Umbanda em sua essência.
Que o grande pai te ilumine sempre e pai José de Angola te proteja....
Vocês já viram aquele ranchinho
Ranchinho de palha beira o chão
Que fica ali na beira do caminho
Que vai da casa grande para o riachão;
Na porta da entrada tem um toco
No lado da encosta um grande canavial
Bem na frente do coqueiro dando côco
E pro lado da baixada é um bananal;
Contam por aqui, que às vezes ali
Até parece que em noites de luar
Vê-se andando no rancho daqui para ali
Um pretinho velho que caminha devagar;
Dizem ainda que ele costumava
Naquele toco de entrada sentar
Quando sinhazinha o procurava
Para as tristezas e as mágoas desabafar;
Aquele preto corcundinha que ali aparece
Sentado no rancho no seu limiar
Na sua bondade de cativo até parece
Que com nosso senhor ele vai conversar;
Nos tempos em que na terra vivia
Na África lá em Angola era seu nome Kabindaloé
Mas depois dos seus doze anos ele viria
Para o Brasil pra ser chamado o preto José;
Foi quando aqui chegou na Bahia
Tendo sido vendido pro senhor do engenho
Passou a viver na casa grande no lado de Sá Maria
A filha mais nova do sinhô Martinho;
Ali foi ele crescendo, crescendo
Sempre amigo e maneiroso com todos da fazenda
Kabindaloé ou José de Angola como era chamado
Nas propriedades de Dom Martinho ficou como lenda;
E já depois de ter vivido
Quase dois séculos entre seus amigos
Foi numa noite de luar já com olhar sumido
O preto José por muito, muito antigo
Deixava entre as palhas daquele ranchinho
Com sorriso nos lábios de satisfação
O corpo inerte de um pobre velhinho
Ficando também a saudade em nosso coração;
O preto José da terra partiu
Indo ao encontro ao nosso senhor
A quem fora servir, por isso a ele se uniu
O preto velho que agora é protetor;
E agora nas noites de luar até parece
Quando a lua faz as serranias cor de prata
E a brisa as folhas do canavial estremece
Nossas noites ouço e vejo o preto de Alpercatas;
Aquele que sentava no toco com sua sacola
Ele agora vem do senhor do Bonfim na aruanda
O preto velho Pai José de Angola
Pra novamente trabalhar no terreiro de umbanda.
Jeca 30/06/1965
Sou Umbandista com muito orgulho! orgulho por ter sido feito na verdadeira lei da Umbanda,branca e pura como o branco de nossas roupas. E um dos meus maiores amores na religião chama-se Pai José de Angola. Preto velho faceiro ao qual tenho o privilegio de trabalhar já a algum tempo. Fico contente em ver que em uma cidade tão longe da minha ele ainda é lembrado.Gabriel Oliveira.Pelotas.RS.
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